Como é a vida, hoje fui ao HC (Hospital das Clinicas) para cuidar de algumas coisas pertinentes ao meu tratamento, no caminho, aquela chuva, friozinho e um transito carregado, com alguns pontos de parada total, e claro, em alguns momentos reclamei da lentidão e de algumas fechadas dos mais apressados, parecendo que tinha um problema com estas coisas. Ao chegar nas clinicas, chegando na entrada do prédio, vi uma família, o pai voltando para dentro do carro depois de acomodar sua filha em sua cadeira de rodas e despedindo-se da sua esposa para ou ir estacionar ou quem sabe busca-la mais tarde...Parece estranho, mas acho que alguns irão se identificar comigo, explico, me refiro a ver uma criança de seus 10 anos aparentemente em uma cadeira de rodas chamar a atenção, adulto também tem suas dificuldades, mas crianças tocam diferente no coração, mas desta vez, observei algo além disto, seus pais estavam sorrindo, alegres mesmo, e ao passar ao lado da mãe levando a filha, olhei rapidamente para a sua filha, e foi quando mais uma vez agradeci a Deus por apenas estar cuidando de uma simples Leucemia, claro, não tão simples, mas vejam, a criança tinha ambos os olhos saltados muito para fora do seu rosto, um deles era somente pele, o outro sem foco, como se fosse estrábica em estágio avançado, sua boca não se fechava, pois sua língua era muito grande e ficava se mexendo constantemente, assim como suas mãos, pois sua mãe várias vezes disse para ter cuidado com as rodas da cadeira de rodas, pois mesmo com alguns dedos com movimentos limitados ela tentava se virar para locomover sua cadeira.
Este cenário me fez refletir, aliás, não é raro em minhas idas ao HC ver situações que me fazem sentir vergonha de reclamar do que reclamo e refletir, e hoje não foi diferente. Quando disse uma simples Leucemia, não me refiro a gravidade da doença que é óbvia tampouco menosprezei este câncer tão fugaz, mas me refiro a dor que imagino que estes pais devem sentir, e que ao mesmo tempo levavam uma vida que erroneamente chamamos de “normal”, digo erroneamente porque eu acredito que não sabemos o que de fato é “normal”, e ai eu me perguntei; Transito ? Fechada ? Chuva ? Isto não é nada, entre outras coisas, e ai fiquei pensando, André, pare de reclamar, seu tratamento anda bem, sua vida é boa, e ainda reclamo !!!!!! Absurdo isto.
Não quero parecer hipócrita nem nada do gênero, afinal, somos de carne e osso, e que bom, pois temos sentimentos, emoções, temos metas e sonhos que buscamos conquistar, mas o que quero aqui é compartilhar que o que realmente tem valor é muito mais do que vivemos no dia a dia, e o que realmente tem valor além de princípios óbvios e básicos como educação, família etc, são individuais, mas gostaria que sempre que fossemos reclamar, refletíssemos, é uma reclamação justa ??? Se você esta lendo este blog é porque tem acesso a internet, o que por dedução me faz acreditar que tenha uma casa, comida a mesa, roupa para o frio etc, claro, fruto do seu trabalho, esforço pessoal por vezes além do quanto acreditou conseguir sustentar, tudo motivo de orgulho, verdadeiras conquistas e bênçãos de Deus em nossas vidas, pois compartilho destas coisas e desfruto destes prazeres, mas para mim, e me permitam enfatizar que é totalmente pessoal esta opinião, apenas estou dividindo, situações como a de hoje e algumas outras me fazem pensar, refletir e buscar ser um homem melhor, em todos os aspectos que for possível, seja atualmente na luta contra um câncer ou no simples fato de precisar reeducar minha alimentação e controlar a ansiedade de voltar a minha rotina de trabalho, casa etc.
Normalmente deixo uma mensagem, mas hoje, eu quero deixar para vocês e para mim também, é claro, este espaço em branco, para desta forma cada um refletir sobre o que realmente tem valor em sua vida e valorizar tal item, seja ela qual for ou quantos forem, pois cada um tem seus valores, e todos devem ser respeitados igualmente.
Com amor e carinho,
Beijos e Abraços !!
André Krasovic
Olá, André
ResponderExcluirBelas palavras!!
Acompanho o seu blog há alguns dias, e mais uma vez repito que as belas palavras que vc escreve me emociona, e ao mesmo tempo me ajuda muito a compreender coisas na vida que eu não entendo. Sinceramente não sei o pq de ter chegado até esse blog, e o pq ler e refletir bastante sobre td o que vc escreve aqui. Mas sobre uma coisa tenho certeza...Deus tem um papel fundamental sobre todo esse encontro. Em minhas orações peço sempre a Deus palavras de conforto para minhas perguntas, dúvidas, medos, receios etc...tenho plena certeza que elas veem de pessoas como vc, de coisas que eu leio que me fazem sentir tão bem, e tão confortada sobre minhas angústias...
Moro no interior de MG, e há uns 15 dias atrás fui a um congresso em São Paulo, o que me fez refletir bastante sobre fatos da vida. Bom, não vou me estender bastante, mas vou ao ponto em que motivou tds as minhas sensações emocionais!! Nesta viagem a São Paulo, em uma estação de metro, numa noite de sábado fria, eu estava comprando um bilhete, para um passeio, e ao sair do local de compra me deparei com um homem pedindo dinheiro. No primeiro momento eu fingi que não o vi, não por hipocrisia, mas por medo, sei lá, talvez um certo preconceito com pedintes, medo de assalto devido à tantas recomendações acerca de como se portar em SP, mas, ao esperar o restante dos amigos comprarem afastada, comecei a observar esse homem, e a sensação que me vinha era que ele estava totalmente constrangido de estar ali, pedindo dinheiro, e sendo tão ignorado e discriminado pelas pessoas. Aquilo acabou com o meu sábado, me senti mal, me senti hipócrita, impotente, e não me restava nada para fazer, então lembro-me que abaixei a cabeça e naquele momento fiz uma oração para aquele homem. Fique o resto da noite com aquilo na cabeça, cheguei ao hotel comentei sobre com amigos, e aquilo me deixou totalmente mal e inquieta. Enfim, pensei, nunca mais vou ver esse homem, provavelmente, mas queria muito que a vida dele tivesse vertentes diferentes da realidade.
Mas, no dia seguinte, na mesma estação de metro, eu comprando bilhete para ir à rodoviária, e assim retornar para a casa, avisto esse mesmo homem de longe, era de manhã, ele estava envolto a uma coberta, o que confirma que era morador de rua, e dessa vez não me contive, chorei, esse homem não sei o pq, mas realmente mexeu cmg, e me causou mt inquietação.
Enfim, desculpa me estender tanto no comentário do seu post, mas lendo o que vc escreveu, entendo o quanto situações, ou pessoas nos tocam, e nos tornam seres humanos melhores. Esse homem do metro me fez pensar que, embora eu esteja num momento de conflito pessoal inexplicável, sem entender o pq de muitas coisas não terem acontecido na minha vida, eu ainda tenho condições de viver uma vida aparentemente "normal", e como vc mesmo disse, tenho um lar, tenho comida à mesa, tenho onde me esquentar desse frio, e mesmo assim reclamo de coisas que não chegam. Daí paro para pensar, o que pessoas assim têm? O que são sonhos para elas? Tenho medo dessas respostas, pq o sonho delas pode ser apenas aquilo que eu tenho tds os dias a qualquer hora, e não percebo por sempre querer e almejar coisas mais além, que apenas engrandece nosso ego, respondem às nossas conquistas, mas não nos acrescenta nada mais como seres humanos.
Acho que ninguém sozinho muda o mundo, e ao conversar com um amigo que mora em SP sobre o constrangimento que tive com a situação, ele me disse que pensa diferente de mim em situações assim, e que tem muitas coisas na vida para pensar, e que sozinho ele e ninguém muda isso. Sei lá, sei que é muito idealismo, mas dizer que vejo coisas como essas e não acontecem nada no meu interior, vai muito em contra a td o que eu acredito e defendo como ser considerada uma cidadã, mesmo que ideológica...
André, força e fé sempre! Você está em minhas orações, e obrigada por ser um anjo de Deus que fala com pessoas que não conhece, mas consegue transformá-las como pessoas maiores e melhores!!
Alice Xavier
Boa noite André.
ResponderExcluirAmooooo sempre seu blog, seus comentários e meditações.
Beijo no seu coração.
Neide